27/12/2007

Dia de comprar

Celebrado no dia 26 de dezembro, o feriado de Boxing Day é um dos dias mais famosos no Reino Unido. A origem teria sido na Idade Média, quando a data era usada para a doação de presentes e dinheiro para instituições de caridade e pessoas necessitadas depois de cada um aproveitar um farto Natal junto a suas famílias.

Há muito tempo, no entanto, o Boxing Day – que poderia ser traduzido literalmente como o Dia de Empacotar – se transformou no auge do consumo por aqui. O dia é o início oficial das liquidações no país, embora muitas lojas já comecem as suas antes mesmo do dia 24.

Admito, não tive coragem de me aventurar nas ruas para testemunhar o Boxing Day ontem. Mas a multidão que lotava a Oxford Street hoje, um dia depois, me fez imaginar um pouquinho o que deve ter sido... Comparável ao Saara, no Rio, na véspera do Natal. As calçadas e lojas estavam entupidas e quem quisesse andar com um pouco mais de velocidade (ou menos lentidão) precisava disputar espaço com os carros e os ônibus double-deck.

Ingleses, estrangeiros que moram na cidade e turistas se engalfinhavam para encontrar as melhores oportunidades. É claro que aqui e ali sempre tem alguma loja tentando enganar – e anunciando promoções furadas -, mas em geral as liquidações aqui são de verdade. Os preços caem em média 50% e é a hora de se permitir algumas extravagâncias que a libra supervalorizada não permite sempre. Para os que tem coragem, e muita paciência, é hora de correr para as lojas....


23/12/2007

Casamento ao lado



Um burburinho do lado de fora primeiro me pareceu agitação por causa da proximidade do Natal, mas os vizinhos super alinhados em plena manhã de sábado me fizeram repensar a suposição. De repente, além dos homens de terno, começaram a aparecer outros vestidos com longas batas e mulheres em seus saris coloridos. Minha ignorância não permite diferenciar se eram da Índia, de Bangladesh, mas de repente a festa se tornou mais próxima quando comecei a ouvir um batuque. Sim, um enorme tambor apareceu no meio, parecido com aqueles que vemos no Brasil mesmo.

Foi nessa hora que saiu da casa ao lado um rapaz com uma bata marfim e um turbante marfim e vermelho, rapidamente ovacionado pelas cerca de 20 pessoas que o esperavam do lado de fora. Sim, definitivamente ele era o noivo deixando sua casa em direção ao casamento. O ritual era cheio de cor, música e dança, um momento de muita alegria.

A qualidade da foto, tirada de trás da cortina de casa, deixa a desejar, mas é só para dar uma idéia do momento inusitado. Coisas que acontecem em Londres...

14/12/2007

Natal e frio: eles chegaram!

A uma semana do início do inverno, Londres está cada vez menos com a cara do outono. O termômetro pouco abaixo de zero grau é apenas o prenúncio de um frio mais forte que deve chegar ao longo de janeiro e fevereiro.

De manhã, só o que se vê é aquela camada branca fina de gelo, a geada que só costumava ver pela televisão quando o jornal mostrava o inverno no Sul do Brasil. Mas agora o frio está mais perto e confesso que tive que tomar cuidado para não escorregar no gelo do asfalto. As folhas das árvores ficam branquinhas...




As poucas horas de claridade - geralmente entre 8 horas da manhã e quatro da tarde - são de cada vez mais apreciadas, para compensar a longa noite.


Mas a grande vantagem do frio de dezembro, dizem os locais e por enquanto posso confirmar, é que o Natal alegra os dias e principalmente as longas noites do mês.


Descontando os apelos para o consumo da data, é verdade que a cidade está tomada por vitrines maravilhosas, músicas natalinas e luzes, muitas luzes.





A foto de cima é da Oxford Street, a maior rua de lojas da capital. A de baixo é da Bond Street, uma transversal da Oxford Street. A cidade também está tomada por pistas de patinação no gelo, rodas-gigantes e mercados de Natal.

04/12/2007

Alívio por enquanto

A professora britânica Gillian Gibbons acaba de chegar do Sudão, depois de passar oito dias presa acusada de blasfêmia por permitir que seus alunos dessem o nome de Maomé (Mohamed) a um ursinho de pelúcia. Ontem, ela recebeu o perdão do presidente Bashir, depois de uma ampla movimentação diplomática do governo britânico e de representantes da comunidade muçulmana do Reino Unido.

Na última quinta-feira, ela havia sido condenada a 15 dias de prisão, escapando de outras penas que chegaram a ser consideradas, como 40 chibatadas. Manifestações realizadas nas ruas de Khartoum, capital do Sudão, chegaram a pedir a pena de morte para a professora na semana passada. As imagens lembraram a forte repercussão da publicação de caricaturas do profeta Maomé em um jornal dinamarquês, em setembro de 2005. O Islã proíbe representações de Maomé. O caso da professora poderia ter tomado dimensões maiores, mas conseguiu ser contornado a tempo.

O que separa a interpretação dos muçulmanos britânicos dos sudaneses? Como uma religião pode ter diferentes maneiras de encarar uma mesma situação, com reações tão distintas? O que está presente no Corão e o que não está? Ou, para falar de uma realidade mais próxima dos brasileiros de maneira geral, o que está presente na Bíblia e o que é interpretado a partir dela?

A resposta certamente não é simples, mas o que é possível imaginar é que este não será o último caso em que as diferenças religiosas se tornarão tão fortes que serão motivo de conflito com conseqüências imprevisíveis. Resta saber se o mundo vai continuar agindo para apagar incêndios ou se um movimento preventivo se tornará uma realidade.

25/11/2007

Fila para comprar cultura



Confesso que fiquei confusa quando vi essas barracas de camping em Kensington, um dos bairros mais caros de Londres. Considerando minha herança brasileira, admito que a primeira palavra que me veio à cabeça foi sem-teto. Alguns segundos depois, no entanto, percebi que a correlação não fazia qualquer sentido. Apesar dos custos altos de moradia no Reino Unido, especialmente em Londres, praticamente não se vê pessoas nas ruas.

Qual a razão do protesto? Foi a segunda idéia e a primeira pergunta que fiz para dois rapazes que estavam perto das barracas. É uma fila para a compra de obras de arte do Royal College of Art (RCA). Sim, é verdade. Aquelas pessoas estavam desde sexta-feira acampadas na fila para participar da venda anual de cartões postais assinados por artistas, que ocorreria no sábado a partir das 8 da manhã.


Realizado desde 1994, o RCA Secret é uma exibição de arte contemporânea em tamanho de cartões-postais feitos por artistas profissionais, designers, ilustradores e recém-graduados no Royal College of Art. Cada cartão é vendido por 40 libras (cerca de R$ 160), mas o principal detalhe é que a assinatura do artista está na parte de trás do cartão. Ou seja, o comprador só sabe se comprou a obra de um artista renomado ou de um recém-formado depois de ter desembolsado o dinheiro.

É claro que, neste caso, os interesses cultural e financeiro estão misturados. Mas não deixa de ser mais uma prova da forte ligação do britânico com a arte. O British Museum acaba de divulgar que considera a possibilidade de abrir suas portas pela primeira vez por 24 horas diante da demanda pela exposição “The First Emperor” (“O Primeiro Imperador”). As filas para os 500 ingressos disponíveis por dia começam antes das sete e os tíquetes geralmente estão esgotados antes das onze da manhã. O número total de visitantes até abril, quando os soldados de terracota da Dinastia Qin (221-206 a.C.) voltam para a China, agora é estimado em 800 mil, mais do que o dobro da estimativa inicial. O museu antecipou para logo depois do Natal a abertura da exposição até meia-noite. Se a procura continuar grande, o museu está disposto a permanecer aberto 24 horas por dia pela primeira vez desde sua criação, em 1753.

22/11/2007

Risco de fraude e críticas ao governo

A notícia mais comentada nos últimos dois dias aqui na Inglaterra - além do fato de o país estar fora da Eurocopa de 2008 depois da derrota para a Croácia - é a perda dos dados de 25 milhões de pessoas pelo departamento do governo responsável por impostos e pela alfândega. Dois CDs com informações confidenciais de 7,25 milhões de famílias que recebiam benefícios por terem filhos com até 16 anos de idade foram perdidos ao serem enviados por uma empresa privada para outro departamento do governo. Os arquivos continham dados como nome, endereço, data de nascimento, números da previdência social e contas bancárias.

Embora ainda não haja provas de que os dados tenham caído na mão de criminosos, o risco de fraude tem levado britânicos aos bancos para mudar senhas e alterar números de contas bancárias. Os bancos pediram aos clientes para monitorar com atenção e reportar qualquer irregularidade.

A responsabilidade tem sido atribuída pelo a um jovem funcionário, mas a mídia britânica não tem poupado criticas ao primeiro-ministro Gordon Brown, que esteve ontem no Parlamento para explicar a crise. Ele lamentou profundamente a perda dos dados e disse que o governo está tomando todas as ações necessárias para resolver o caso. Os jornais defendem que Brown assuma parte da responsabilidade pelo ocorrido, já que há indícios que funcionários mais graduados tomaram conhecimento do caso.

O caos coloca em cheque ainda um projeto do governo para a criação de um amplo esquema de registro da população e de uma carteira de identidade. Os críticos questionam como o governo garantirá à população que seus dados serão protegidos. O assunto promete se estender por muito tempo....

20/11/2007

Tributo ao jazz



Londres está dominada pelo jazz desde a última sexta-feira. É claro que pela diversidade da capital britânica sempre sobra espaço para outros cultos (como o BBC Good Food Show), mas o estilo certamente é destaque por causa do London Jazz Festival.

Realizado desde 1993, o festival é data marcante na agenda da cidade. Novatos e veteranos e famosos e menos famosos do gênero enchem os centros culturais, com uma grande oferta de atrações gratuitas, uma maravilha para economizar as caras libras.

O frio e a chuva do outono – cada vez mais com cara de inverno, com temperaturas em torno de zero grau – embalaram os primeiros dias do festival. A surpresa para mim até agora foi Beth Rowley, com um vozeirão firme e apaixonante. Sua família é de Bristol, mas ela na verdade nasceu no Peru e voltou para a Inglaterra com dois anos de idade.


Minha maior emoção, no entanto, foi o tributo pelos 90 anos de nascimento da diva do jazz Ella Fitzgerald, “We all love Ella”. Tive o prazer de assistir a um dos shows mais anunciados do festival, com a participação da BBC Concert Orchestra e oito espetaculares cantores da nova geração do jazz. Minha vontade era que a noite não acabasse...

A boa notícia é que vocês podem curtir um pouquinho desse festival aí do Brasil (ou de qualquer lugar, na verdade). A BBC Radio 3, patrocinadora oficial do evento, está transmitindo os shows em sua programação, também está disponível pela internet. A homenagem à Ella Fitzgerald, por exemplo, será transmitida amanhã, quarta-feira, às 19h (17h pelo horário de Brasília) e ficará disponível no site da rádio por sete dias. Quem quiser assistir a trechos da apresentação terá que esperar um pouco mais: os vídeos estarão na internet a partir do dia 3 de dezembro.

17/11/2007

Degusta, Londres



Um lugar simplesmente sensacional para os amantes de comida e bebida. Tudo bem, é um super clichê, mas o BBC Good Food Show foi realmente uma experiência maravilhosa e mais uma prova das vantagens de morar em uma cidade com tantas opções culturais como Londres. Mais de 200 expositores de alimentos, bebidas e utensílios de cozinha reunidos no centro de convenções de Kensigton Olympia fazem o Degusta Rio parecer uma brincadeira de iniciante.



Além dos expositores (e suas devidas 'provinhas'), a feira oferece aulas com chefs renomados, cursos de vinho e uma praça de alimentação com estandes dos melhores restaurantes de Londres. Ou seja, você pode provar por meras 5 libras pratos que custam pelo menos quatro vezes mais nos restaurantes estrelados. Minha escolha foi um camarão com pimenta negra do tailandês The Blue Elephant. Inesquecível.
Alimentos orgânicos, queijos de infinitos tipos, geléias e vinhos se destacaram entre as melhores alternativas. Ainda era possível encontrar azeites, pães, bolos, chocolates, licores, uísques ... Enfim, opções para todos os gostos e os londrinos aproveitaram para estocar para o Natal. Todos compraram muito e carregavam sacolas cheias.


Mas o charme especial da feira eram os porta-taças, vendidos por 6 libras (cerca de R$ 24). Uma pequena bolsa para pendurar no pescoço com lugar para guardar a taça de vinho. A cada estande, o visitante mostrava a taça e era devidamente recompensado com uma prova da bebida. Como a tentação é grande, um cartaz avisava: beba com responsabilidade. Cheers!

13/11/2007

Goodbye Waterloo, Hello St Pancras

É com esse slogan que a Eurostar - empresa responsável pelo serviço ferroviário que liga o Reino Unido à Europa - tem anunciado o início da operação de seu novo terminal, o St Pancras International. A nova estação foi inaugurada oficialmente semana passada pela Rainha Elizabeth, mas os trens começam a operar a partir do terminal amanhã, dia 14 de novembro.

Foram onze anos de obras e um investimento de 5,9 bilhões de libras (quase R$ 16 bilhões) na reforma do terminal e em um novo sistema que permite a redução em cerca de 20 minutos da viagem entre Londres e o continente através do Canal da Mancha.

A velocidade de 186 milhas por hora ainda é inferior às 200 milhas do TGV francês, mas permitirá chegar a Paris em apenas 2 horas e 15 minutos e a Bruxelas em 1 hora e 51 minutos. O caos aéreo – sim, ele também atormenta a Europa -, tem sido um dos principais motes da campanha da Eurostar. “Ontem passei mais tempo no aeroporto do que avião”, diz a mensagem no outdoor.

As passagens de ida e volta para Paris e Bruxelas custam a partir de 59 libras (cerca de R$ 160) e certamente são um convite para um fim-de-semana na Europa. Ficou interessado? Entre no site e planeje sua viagem (www.eurostar.com).

Aliás, antes que me perguntem se o Reino Unido não fica na Europa, vou esclarecer. Esta é apenas a maneira que muitos britânicos falam quando se referem ao continente, como se não fizessem parte dele. Resquícios do império...

09/11/2007

Papoulas vermelhas e o Iraque

De um dia para o outro papoulas vermelhas começaram a aparecer na lapela dos ingleses. Na televisão, no supermercado, nos pubs. Quase todo mundo ostentava uma pequena flor e confesso que me senti totalmente desinformada por nao ter a minima ideia do que se tratava. Meu primeiro apelo para saciar a curiosidade foi parar um senhor na rua e daí correr para a internet.

O adereco passou a ser usado no mês de novembro em homenagem aos mortos da Primeira Guerra Mundial, que acabou no dia 11 de novembro de 1918. O Dia da Lembrança ou do
Armistício é comemorado no domingo mais próximo do dia 11. As papoulas fazem referência as flores que cresciam nos campos de cereais de Flanders, onde muitos soldados britânicos perderam a vida.
É claro que as homenagens passaram a se estender aos mortos de todos os demais conflitos que o Reino Unido esteve presente desde o século XX, como a Segunda Guerra Mundial, a Guerra das Falklands (ou das Malvinas, dependendo de quem cita o conflito) e agora a invasão do Iraque.
A guerra é uma realidade muito próxima do país, que sofreu ataques aéreos diários e racionamento de comida durante a Segunda Guerra, por exemplo. A invasão do Iraque e a morte de mais de 170 soldados britanicos desde marco de 2003, no entanto, tornam o tema ainda mais atual.
A participação da Inglaterra na Guerra ao Terror liderada pelos Estados Unidos será certamente a lembrança mais forte na história de mais de uma década do ex-primeiro ministro Tony Blair no poder e a principal razão para a perda de sua popularidade nos últimos anos. Pesquisas mostram que os ingleses consideram que a presença do Reino Unido no Iraque tornou o país mais vulnerável a ataques terroristas como os que ocorreram em 7 de julho de 2005.
Certo da importancia política do tema, o primeiro-ministro Gordon Brown vem se movimentando para reduzir a participação do Reino Unido na ocupação do Iraque. Em setembro, a base que o exército britânico mantinha na cidade de Basra foi devolvida, e em outubro Brown anunciou no Parlamento que até o começo de 2008 deve reduzir o número de soldados britânicos pela metade no Iraque, para cerca de 2.500. Mas a volta de todos os soldados - e uma fase sem conflitos para o país - ainda está longe de se tornar uma realidade.



18/10/2007

Juros ai, crise no mercado imobiliario aqui

Enquanto no Brasil o Banco Central interrrompeu a queda da taxa basica de juros, na Gra-Bretanha cresce o temor de uma crise imobiliaria como a que ocorreu nos Estados Unidos. Os jornais de hoje destacaram o relatorio divulgado ontem pelo Fundo Monetario Internacional (FMI) de que a Gra-Bretanha pode enfrentar uma queda no precos dos imoveis, que vem registrando forte alta nos ultimos anos.

O alerta foi feito para diversos paises europeus - como Franca, Irlanda, Holanda e Espanha -, mas aqui parece ter mais forca, depois da quebra da instituicao financeira Northern Rock, especializada em financiamento imobiliario (o chamado mortgage).

Milhares de britanicos correram para as agencias nos dias posteriores a 14 de setembro e fizeram fila para sacar o dinheiro de anos de poupanca. O tumulto so melhorou depois que o Banco da Inglaterra (o Banco Central daqui) garantiu os depositos e injetou dinheiro na instituicao.

Dados divulgados hoje pela Associacao das Sociedades de Construcao mostram que os depositos do mes de setembro foram tres vezes superiores a setembro de 2006 e o dobro do mes de agosto, com a grande maioria dos recursos provenientes dos saques do Northern Rock.

Ja ha temor por aqui que as taxas fixas do financiamento imobiliario - comuns por aqui e ainda uma realidade recente no Brasil - podem subir nos proximos meses. E pesquisas mostram que cada vez mais os britanicos estao usando o cartao de credito para pagar o financiamento imobiliario ou o aluguel. Problemas `a vista....

14/10/2007

Parabens Fifiteen!



Um dos meus programas de televisao favorito no Brasil eh o do chef ingles Jamie Oliver - que passa na GNT -, mesmo com meus dotes culinarios limitados. Eh claro que a ida ao seu restaurante em Londres era um dos momentos mais aguardados desde que chegamos aqui.

Mas a ida ao Fifteen nao eh nada trivial e a visita do meu irmao e da minha cunhada esta semana foi o que faltava para nos aventurarmos no Fifteen junto com um casal de amigos deles. Gracas a um presente da minha mae, tivemos uma das melhores tardes desde que chegamos aqui.



Situado no norte de Londres (a cinco minutos da estacao de Old Street), o restaurante eh parte do projeto social do chef, que treina 30 jovens desempregados por ano para se tornarem chefs profissionais. Todo o lucro do restaurante eh voltado para a Fifteen Foundation.

No primeiro andar, fica a cantina italiana e no subsolo esta o restaurante propriamente dito. Nos primeiros minutos, eh gostoso reconhecer o ambiente, ja que o site (www.fifteen.net) oferece um tour completo no local, que fiz ainda no Brasil.

A melhor surpresa ao recebermos o cardapio eh que ontem, dia 13 de outubro, foi o quinto aniversario do Fifiteen, e o clima era de festa. Com direito a um muffin de presente no final....



O cardapio eh a principio uma incognita (diante das diferentes opcoes e ingredientes inusitados)e deixa os indecisos como eu numa saia justa. Apos muita duvida, pedi um ravioli de carne de carneiro gales como primi e uma selecao de frutos de mar com batatas e bruschetta (foto acima) como secondi. Para arrematar, uma especie de mousse de zabaione de sobremesa e duas opcoes de queijo: de ovelha e de cabra.

Podem ficar com agua na boca com as fotos... O sabor eh sensacional. A mistura de ingredientes e temperos deixa a comida uma experiencia deliciosa, que condiz com a imagem dos pratos, simplesmente lindos.

O preco eh salgado, mas compensa o investimento. Quem quiser uma opcao mais em conta, no entanto, pode optar pelo almoco de segunda `a sexta, que oferece um menu com tres pratos por 25 libras (cerca de R$ 100) por pessoa.

Um brinde ao Fifteen!

11/10/2007

Almoco na farmacia da esquina

Sabonete, remedio pra dor de cabeca, almoco. Eh isso mesmo. Uma das maiores redes de farmacia da Inglaterra, a Boot`s, vende comida (ou lanches, considerando o paladar brasileiro) e eh uma das opcoes dos londrinos e britanicos para o almoco.

Sao sanduiches, saladas de macarrao, sushi, frutas, iogurtes, bebidas e outras opcoes para matar a fome, especialmente na hora do almoco. E o melhor, eles teem uma promocao por 3,30 libras (cerca de R$ 13,20) que inclui uma bebida, uma opcao principal (sanduiche ou salada) e um snack (uma fruta, chocolate ou batata frita) chamada Meal Deal. Este eh o preco em Londres. Em Bristol, uma cidade universitaria a duas horas daqui, a promocao sai mais barata, a 2,99 libras.

A predilecao dos ingleses por almocar sanduiches assusta no inicio, principalmente para os brasileiros que estao acostumados com uma comida quente na hora do almoco. Confesso que ja aderi algumas vezes ao menu ingles, mas continuo sentindo falta de algo quente para comer no almoco. Por isso, acabo me rendendo `as sopas e `as saladas de macarrao.

Os restaurantes com comida quente existem sim, mas sempre com um preco bem mais alto do que o permitido em um orcamento limitado. Para comer comida, eh preciso desembolsar pelo menos 10 libras (isso nos lugares mais baratos). Ou seja, nao eh o menu diario.

01/10/2007

Meu primeiro dia na Ikea

Ja tinha ouvido falar muitas vezes da rede sueca Ikea - a inspiracao para a brasileira Tok&Stok -, mas foi so no sabado que visitei uma das lojas, a filial de Wembley, em Londres. Eh como um parque de diversoes para adultos que gostam de casa & decoracao. O lugar e enorme. Para os cariocas, e possivel comparar com o tamanho do BarraShopping.

Sao dois andares. No segundo fica o showroom, com todos os ambientes instalados. No primeiro, estao os produtos por area (sala, banheiro, cozinha, iluminacao), alem da area de estoque, onde os itens ficam dispostos nos pallets e o consumidor pega o movel que vai comprar e depois montar em casa.

A ideia da loja eh que o consumidor possa se virar sozinho, sem a ajuda de tantos funcionarios, reduzindo os custos da empresa para oferecer precos mais baixos. O que realmente acontece, mesmo se tratando de Londres, uma das cidades mais caras do mundo (tudo bem, em algum momento posso parecer meio repetitiva, mas eh impossivel ignorar este fato). Um conjunto de 12 copos de vidro por 2 libras (cerca de 8 reais) seria barato ateh mesmo no Brasil...

Alem do custo baixo, a rede prima tambem pelo design arrojado. Ou seja, produtos baratos, mas transados. Como dita a economia global, a origem dos produtos eh a mais diversa possivel.
A China, eh claro, lidera, mas ha itens da India, Portugal, Vietna, Reino Unido e ate mesmo da Suecia (sim...).

Fundada em 1958 na Suecia, a Ikea tem hoje 260 lojas espalhadas por mais de 30 paises da Europa, Estados Unidos e Asia.

Na semana passada, a rede divulgou uma queda de 8% de seu lucro no Reino Unido nos doze meses encerrados em agosto de 2007. O resultado, no entanto, nao parece estar ligado a dificuldades, mas a investimentos na expansao dos negocios por aqui. Segundo a empresa, estao sendo realizados investimentos da ordem de 760 milhoes de libras (cerca de R$ 3,04 bilhoes). Prestem atencao, este valor eh apenas para o Reino Unido e inclui gastos com novas lojas, reforma das lojas antigas e adaptacao do comercio eletronico para entregas em todo Pais.

Quer ter uma ideia dos produtos? O site tem o catalogo completo (www.ikea.com).

26/09/2007

Nacoes Unidas e Intimidacao

Fiquem tranquilos que nao vou acusar a ONU de estar intimidando ninguem... Foram apenas as duas ideias que mais me vieram `a cabeca ao assistir as primeiras aulas do mestrado.

A turma parece uma reuniao da ONU em Nova York, com representantes dos mais diferentes paises do mundo em uma sala, com a predominancia de americanos (ainda que estejamos em Londres).

O grande numero de americanos parece ser explicado por uma razao: os cursos de mestrado no Reino Unido sao mais baratos que nos Estados Unidos, ainda que eles tenham que pagar em libras (cada libra vale cerca de um dolar). Polonia, Eslovaquia, Tanzania, Turquia, Gana, Japao, China, Egito, Italia, Nigeria, India, Kosovo, Indonesia, Alemanha, Arabia Saudita e Brasil (sou a unica brasileira!) sao alguns dos paises representados no curso de Relacoes Internacionais. Conhecer gente de todo o mundo certamente eh uma das maiores riquezas.

A parte da intimidacao (psicologica, eh claro) fica por conta das sugestoes de leitura e referencias bibliograficas. Algumas materias teem mais de sete paginas de leituras recomendadas para um semestre de 12 semanas. Ou seja, o volume de leitura sugerida eh totalmente intimidador... A solucao eh colocar as maos na massa sem me desesperar demais...

24/09/2007

Fale o que quiser, mas do alto



Este eh o lema do Speakers' Corner (esquina dos falantes, em uma traducao muito literal), um pedacinho do Hyde Park que eh a sensacao aos domingos. Ok, tudo bem, eh o tipico passeio turistico, mas vi muitos londrinos desfilando por ali no ultimo domingo.

A tradicao foi garantida por um ato do Parlamento britanico de 1872, mas antes mesmo o local ja era sede dos mais variados debates publicos. Antes em cima de pequenos caixotes de madeira, hoje em escadas de aluminio, os debatedores colocam em pauta variados temas, mas principalmente religiao e politica.

A ofensiva militar dos Estados Unidos no Iraque, a disputa entre israelenses e palestinos e a defesa de uma vida sem preconceitos entre negros e brancos foram alguns dos assuntos de ontem. Mas ao lado de coisas serias tambem sobrou espaco para uma adesao da campanha do Abraco gratuito (Free hug) e o senhor com uma placa "Sou esperto. Fale comigo sobre qualquer assunto".


Mais do que muitos risos garantidos, o Speakers' Corner eh o simbolo e a certeza de estar em um pais em que o debate publico e o discurso livre sao defendidos e celebrados.

15/09/2007

Tudo ao mesmo tempo agora

A correria está tão grande que só depois de uma semana consegui um pouco mais de calma para começar este blog.
A idéia é colocar tudo no papel, quero dizer, na tela, para não esquecer nenhum detalhe. E, é claro, dividir a experiência maravilhosa que é estudar e viver no Reino Unido.
Os primeiros olhares são de um misto de turista e de nova moradora e imagino que pelo menos por algum tempo devem continuar assim. Uma parada no banco para saber informações de como abrir uma conta (ainda sou uma excluída bancária!), para logo depois atravessar a rua e curtir um pouco de sol no Hyde Park. O primeiro gostinho da universidade com o programa de boas-vindas, seguido por um passeio aos State Rooms do Palácio de Buckingham.
A maior expectativa no momento é para encontrar nosso lar por aqui. Além das dificuldades habituais da tarefa, Londres é uma das cidades mais caras do mundo. São seis apartamentos vistos até agora, ainda fora do tripé preço + localização + conforto. Mas é uma questão de tempo. Tenho certeza que ainda vamos rir das peripécias entre let agences e landlords.