Um ano depois de chegar à terra da libra é hora de dizer até breve (me recuso a dizer adeus).
Estive sumida nos últimos meses por causa da dedicação integral à dissertação e de uns dias de férias antes de terminar minha temporada aqui no Reino Unido. Mas era preciso colocar um ponto final neste blog que me ajudou a destacar coisas tão diferentes e ricas que vivi por aqui.
Antes de qualquer coisa, queria agradecer os comentários e incentivos. Eles tornaram o blog e minha caminhada muito mais divertidos.
Agora é hora de voltar para casa e recomeçar de novo. Só tenho a agradecer por este ano maravilhoso morando em Londres. Muito aprendizado, muitas descobertas, muitas pessoas interessantes e muitos momentos felizes. Algumas dificuldades também, afinal precisamos delas para dar valor às coisas boas da vida.
Como diz uma grande amiga, a partir do momento em que deixamos nosso país para morar fora viveremos para o resto da vida em eterna saudade. E é isto que sinto no momento. Uma alegria imensa de rever as pessoas e lugares queridos do meu Rio, mas uma pontinha de saudade de tudo que sentirei falta daqui.
Tenho certeza, no entanto, que minha ligação com o Reino Unido só se fortaleceu durante este ano e ele estará sempre presente na minha vida, mesmo que eu esteja fora da ilha. Principalmente no hábito do chá da tarde, da noite e da manhã: sempre com leite, claro.
Até breve, Reino Unido! Estarei de olho em você lá do Rio!
07/09/2008
30/06/2008
Uma entrevista exclusiva com Ken Livingstone no metrô
Nada me dizia que esta seria uma segunda-feira única. Ao chegar à estação de metrô, corri pelas escadas ao ver que o trem estava na plataforma, como faço sempre, mesmo sabendo que o próximo trem leva mais dois ou três minutos. Ao ver dois lugares vazios às 8h50, pensei: que sorte. Afinal, mesmo já tendo passado da hora pesada do rush – quando mal há lugar para ficar de pé -, não é muito comum encontrar cadeiras vagas por volta das nove da manhã aqui em Londres.
Escolhi a que estava mais perto. Depois de me acomodar com mochila, bolsa e ipod, olhei pro lado pra ver quem seriam meus companheiros de viagem até o centro. Uma das minhas distrações é observar as pessoas e imaginar suas vidas. Mesmo em Londres, onde todos parecem impassíveis diante do que acontece à volta.
Confesso que tive que olhar pelo menos umas cinco vezes antes de acreditar que era verdade. O ex-prefeito de Londres, Ken Livingstone, estava sentado do meu lado direito. Olhei para as pessoas em volta. Quase todos seguiam tranquilamente para o início de suas semanas sem perceber ou sem dar qualquer atenção para o passageiro ilustre. Troquei olhares de cumplicidade apenas com uma mulher, que também parecia querer confirmar se aquele era o homem todo-poderoso de Londres nos últimos sete anos.
De blazer marfim e um olhar calmo, Livingstone lia o jornal Metro, distribuído gratuitamente no metrô. Ele levou algum tempo até me ouvir, ou decidir dar ouvidos a uma desconhecida que iria incomodar sua viagem. Depois de quatro "excuse me", finalmente olhou para mim. Ao me apresentar como uma jornalista brasileira, ele foi simpático. Sem grandes euforias, é claro, mas disse que o Brasil era o próximo país com o qual queria desenvolver vínculos e citou a visita do presidente Lula à Inglaterra em 2006 e o fato de o Brasil estar entre as dez maiores economias do mundo.
Em seguida, alfinetou que isso não deveria ocorrer durante a gestão de Boris (o conservador Boris Johnson, que o venceu na eleição do dia 1 de maio). As críticas ao novo prefeito foram freqüentes durante os cerca de 20 minutos de nossa conversa entre Willesden Green e Baker Street, uma amostra do que foi a campanha e o que tem sido a pós-campanha, marcada por trocas de acusações entre Boris e Livingstone.
Quando perguntei de seus planos políticos, o ex-prefeito foi categórico: “Concorrer à Prefeitura daqui a quatro anos". Numa entrevista ao The Observer na semana passada, foi mais cauteloso. Disse que não iria pensar nisso até 2010, quando o Partido Trabalhista convocasse para as previas. Parece claro, no entanto, que ele não vai sair da cena política assim tão fácil.
Até a próxima disputa, Livingstone pretende trabalhar na mídia – esta semana vai cobrir a licença da apresentadora de um programa de rádio na estação local LBC – e escrever um livro sobre seu período à frente da Prefeitura para ser lançado no verão de 2009. “Governar Londres é um trabalho maravilhoso”, disse, confirmando a paixão (ou o vício?) pela cidade, à qual está ligado politicamente há mais de vinte anos.
E eu só posso confirmar: andar de metrô em Londres é realmente imprevisível. Haja arrependimento por ter deixado minha máquina fotográfica em casa.
Escolhi a que estava mais perto. Depois de me acomodar com mochila, bolsa e ipod, olhei pro lado pra ver quem seriam meus companheiros de viagem até o centro. Uma das minhas distrações é observar as pessoas e imaginar suas vidas. Mesmo em Londres, onde todos parecem impassíveis diante do que acontece à volta.
Confesso que tive que olhar pelo menos umas cinco vezes antes de acreditar que era verdade. O ex-prefeito de Londres, Ken Livingstone, estava sentado do meu lado direito. Olhei para as pessoas em volta. Quase todos seguiam tranquilamente para o início de suas semanas sem perceber ou sem dar qualquer atenção para o passageiro ilustre. Troquei olhares de cumplicidade apenas com uma mulher, que também parecia querer confirmar se aquele era o homem todo-poderoso de Londres nos últimos sete anos.
De blazer marfim e um olhar calmo, Livingstone lia o jornal Metro, distribuído gratuitamente no metrô. Ele levou algum tempo até me ouvir, ou decidir dar ouvidos a uma desconhecida que iria incomodar sua viagem. Depois de quatro "excuse me", finalmente olhou para mim. Ao me apresentar como uma jornalista brasileira, ele foi simpático. Sem grandes euforias, é claro, mas disse que o Brasil era o próximo país com o qual queria desenvolver vínculos e citou a visita do presidente Lula à Inglaterra em 2006 e o fato de o Brasil estar entre as dez maiores economias do mundo.
Em seguida, alfinetou que isso não deveria ocorrer durante a gestão de Boris (o conservador Boris Johnson, que o venceu na eleição do dia 1 de maio). As críticas ao novo prefeito foram freqüentes durante os cerca de 20 minutos de nossa conversa entre Willesden Green e Baker Street, uma amostra do que foi a campanha e o que tem sido a pós-campanha, marcada por trocas de acusações entre Boris e Livingstone.
Quando perguntei de seus planos políticos, o ex-prefeito foi categórico: “Concorrer à Prefeitura daqui a quatro anos". Numa entrevista ao The Observer na semana passada, foi mais cauteloso. Disse que não iria pensar nisso até 2010, quando o Partido Trabalhista convocasse para as previas. Parece claro, no entanto, que ele não vai sair da cena política assim tão fácil.
Até a próxima disputa, Livingstone pretende trabalhar na mídia – esta semana vai cobrir a licença da apresentadora de um programa de rádio na estação local LBC – e escrever um livro sobre seu período à frente da Prefeitura para ser lançado no verão de 2009. “Governar Londres é um trabalho maravilhoso”, disse, confirmando a paixão (ou o vício?) pela cidade, à qual está ligado politicamente há mais de vinte anos.
E eu só posso confirmar: andar de metrô em Londres é realmente imprevisível. Haja arrependimento por ter deixado minha máquina fotográfica em casa.
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24/06/2008
Partida de tenis com Blair: arrisque seu lance
Wimbledon, o famoso torneio ingles de tenis, comecou ontem, mas 'e claro que Blair nao estar'a em suas quadras. A oportunidade de jogar com o ex-primeiro ingles faz parte da estrategia do Partido Trabalhista para arrecadar fundos em seu jantar anual deste ano, que sera realizado no dia 10 de julho.
O leilao inclui premios um tanto quanto diferentes, entre eles um almoco com o treinador do Manchester United, Sir Alex Ferguson, um papel no novo romance de Alastair Campbell, ex-diretor de comunicacao e estrategia do governo Blair ate 2003 e autor do livro "The Blair Years: Extracts from the Alastair Campbell Diaries", e garrafas do vinho do Porto que leva a marca da tradicional Camara dos Lordes assinados pelos lideres trabalhistas e pelo primeiro-ministro Gordon Brown. Confira aqui outros itens do leilao.
"Estamos oferecendo uma serie de premios que o dinheiro normalmente nao pode comprar", disse o ex-ministro de Esportes Richard Caborn, patrono do jantar.
A ideia 'e acelerar a arrecadacao de recursos para pagar a salgada divida do Partido Trabalhista. Numeros da Comissao Eleitoral apontam para uma divida total de £ 17,8 milhoes (algo como R$ 56,4 milhoes), mas o jornal The Guardian publicou que, segundo uma fonte do partido, a divida chegaria a £ 24 milhoes (cerca de R$ 76 milhoes) considerando os juros. Parte da divida vence em algumas semanas e lideres do partido, como o primeiro-ministro Gordon Brown, podem ter que responder pessoalmente por esse dinheiro.
O valor dos lances vai depender nao apenas de bolsos recheados de libras, mas tambem da vontade dos ingleses em se aproximar do poder e, claro, ajudar o Partido Trabalhista.
O leilao inclui premios um tanto quanto diferentes, entre eles um almoco com o treinador do Manchester United, Sir Alex Ferguson, um papel no novo romance de Alastair Campbell, ex-diretor de comunicacao e estrategia do governo Blair ate 2003 e autor do livro "The Blair Years: Extracts from the Alastair Campbell Diaries", e garrafas do vinho do Porto que leva a marca da tradicional Camara dos Lordes assinados pelos lideres trabalhistas e pelo primeiro-ministro Gordon Brown. Confira aqui outros itens do leilao.
"Estamos oferecendo uma serie de premios que o dinheiro normalmente nao pode comprar", disse o ex-ministro de Esportes Richard Caborn, patrono do jantar.
A ideia 'e acelerar a arrecadacao de recursos para pagar a salgada divida do Partido Trabalhista. Numeros da Comissao Eleitoral apontam para uma divida total de £ 17,8 milhoes (algo como R$ 56,4 milhoes), mas o jornal The Guardian publicou que, segundo uma fonte do partido, a divida chegaria a £ 24 milhoes (cerca de R$ 76 milhoes) considerando os juros. Parte da divida vence em algumas semanas e lideres do partido, como o primeiro-ministro Gordon Brown, podem ter que responder pessoalmente por esse dinheiro.
O valor dos lances vai depender nao apenas de bolsos recheados de libras, mas tambem da vontade dos ingleses em se aproximar do poder e, claro, ajudar o Partido Trabalhista.
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04/06/2008
Canary Wharf e o barco-igreja
Canary Wharf, no sudeste de Londres, é uma das regiões de negócios mais novas da cidade, para onde migraram muitas empresas e bancos, como o HSBC, o Citigroup e a Thomson Reuters. Cerca de 70 mil pessoas trabalham ali e, é claro, existe uma forte competição com a City, tradicional centro financeiro londrino.
Conhecer a região hoje foi uma grata surpresa. Apesar de estar há quase nove meses aqui, a oportunidade ainda não tinha surgido. Posso dizer que conheci uma outra Londres. Uma cidade com edifícios altíssimos, espelhados, muitos executivos e quase nenhum turista, o que é raro por aqui.
Esse prédio aí em cima (à esquerda) é o One Canada Square, um dos primeiros a ser levantado aqui depois do imenso investimento em desenvolvimento urbano iniciado no fim dos anos 80 nessa antiga área de docas.
Conhecer a região hoje foi uma grata surpresa. Apesar de estar há quase nove meses aqui, a oportunidade ainda não tinha surgido. Posso dizer que conheci uma outra Londres. Uma cidade com edifícios altíssimos, espelhados, muitos executivos e quase nenhum turista, o que é raro por aqui.
Esse prédio aí em cima (à esquerda) é o One Canada Square, um dos primeiros a ser levantado aqui depois do imenso investimento em desenvolvimento urbano iniciado no fim dos anos 80 nessa antiga área de docas.
Além de uma infra-estrutura moderna, boas ligações de transporte e espaços para escritórios mais amplos, tenho certeza que a vista também tem sido um ponto decisivo para a atração das empresas. Tive o privilégio de conhecer um dos prédios e olhem só a vista sensacional do Tamisa lá de cima. Definitivamente de dar frio na barriga. Imaginem trabalhar com essa vista?
Para contrastar com os espigões espelhados, foi construída também uma área de lazer com cafés e restaurantes na beira do Tamisa. E foi lá que descobri uma das coisas mais curiosas da minha visita: um barco-igreja. Auto-denominada a única igreja flutuante de Londres, a St Peter’s Barge está instalada em um barco desde setembro de 2004 e realiza encontros para o estudo da Bíblia na hora do almoço durante a semana e uma missa aos domingos.
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21/05/2008
Soros em Londres: crise ainda vai piorar
Pouco mais de um mês depois de lançar seu novo livro nos Estados Unidos, o megainvestidor George Soros está em Londres para a divulgação da publicação no Reino Unido. Seus temores de que o pior da crise da crédito ainda está por vir continuam firmes. Afinal, foi ele quem afirmou que esta é a maior crise desde 1929.
Em entrevista hoje no canal de notícias da Sky, Soros alertou mais uma vez para uma intensa queda de preços nos imóveis nos Estados Unidos e para mais perdas no preço dos ativos. Ele vê problemas no mercado imobiliário no Reino Unido também, embora em níveis bem menores.
Dizendo que rema contra a maré das previsões do mercado - considerando as últimas altas das bolsas mundiais -, Soros diz que, se sua expectativa estiver errada, vai pagar com sua reputação e com seu bolso, já que está aplicando no mercado considerando este cenário traçado.
Bom, ele pode até perder dinheiro se suas previsões nao se confirmarem, mas pelo menos já vai acumular mais algum com as vendas do novo livro. Para comemorar o lançamento do "The New Paradigm for Financial Markets: The Credit Crisis of 2008 and What It Means" (O novo paradigma dos mercados financeiros: a crise do credito de 2008 e o que ela significa) no Reino Unido, ele dará uma palestra hoje na London School of Economics and Political Science (LSE), a primeira da instituição que será transmitida ao vivo pela internet. Será às 17h daqui (13h no horário de Brasilia). Para assistir, entre no site da LSE (www.lse.ac.uk). Se perder a transmissão ao vivo, não se preocupe porque a LSE disponibiliza podcasts com as palestras depois.
Por aqui, Soros tambem é conhecido por suas estripulias para ganhar dinheiro no mercado. Nos anos 90, apostou contra a libra e acabou ganhando um milhão de libras quando a desvalorização da moeda da rainha se confirmou.
Em entrevista hoje no canal de notícias da Sky, Soros alertou mais uma vez para uma intensa queda de preços nos imóveis nos Estados Unidos e para mais perdas no preço dos ativos. Ele vê problemas no mercado imobiliário no Reino Unido também, embora em níveis bem menores.
Dizendo que rema contra a maré das previsões do mercado - considerando as últimas altas das bolsas mundiais -, Soros diz que, se sua expectativa estiver errada, vai pagar com sua reputação e com seu bolso, já que está aplicando no mercado considerando este cenário traçado.
Bom, ele pode até perder dinheiro se suas previsões nao se confirmarem, mas pelo menos já vai acumular mais algum com as vendas do novo livro. Para comemorar o lançamento do "The New Paradigm for Financial Markets: The Credit Crisis of 2008 and What It Means" (O novo paradigma dos mercados financeiros: a crise do credito de 2008 e o que ela significa) no Reino Unido, ele dará uma palestra hoje na London School of Economics and Political Science (LSE), a primeira da instituição que será transmitida ao vivo pela internet. Será às 17h daqui (13h no horário de Brasilia). Para assistir, entre no site da LSE (www.lse.ac.uk). Se perder a transmissão ao vivo, não se preocupe porque a LSE disponibiliza podcasts com as palestras depois.
Por aqui, Soros tambem é conhecido por suas estripulias para ganhar dinheiro no mercado. Nos anos 90, apostou contra a libra e acabou ganhando um milhão de libras quando a desvalorização da moeda da rainha se confirmou.
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