24/02/2008

Comércio justo na beira do Tâmisa

Esta imagem aí do lado é hoje uma das principais marcas reconhecidas pelo consumidor do Reino Unido, país que reúne o maior mercado de produtos fairtrade em todo o mundo. A tradução literal da marca é comércio justo, o principal objetivo da Fairtrade Foundation. A estratégia da organização para reduzir a pobreza mundial é estabelecer critérios básicos para garantir que os produtores do terceiro mundo recebem um valor justo pela sua produção.

Conheci de perto o trabalho da instituição em outubro, ao fazer uma entrevista com o diretor de Políticas e Relações com Produtores, Chris Davis, para uma matéria do Jornal do Commercio sobre a responsabilidade social aqui no Reino Unido. Para ter direito ao uso da marca, o produtor deve respeitar exigências como o uso de práticas democráticas na tomada de decisões e o compromisso com o desenvolvimento de sua comunidade. Já o comprador deve fechar um contrato de longo prazo – que permite o planejamento do produtor – e adiantar recursos para o início da produção.

Além de um preço mínimo estabelecido para cada produto (que protege o produtor das altas e baixas nos preços das commodities no mercado internacional), o comprador paga um valor a mais (o chamado prêmio social) para a realização de projetos na comunidades.

Atualmente, mais de 3.500 diferentes produtos ostentam a marca no Reino Unido, um crescimento expressivo diante dos 150 itens presentes no mercado em 2003. As vendas crescem em média 40% ao ano. Banana, chá, café e chocolate são alguns dos itens mais famosos, mas hoje já ostentam a marca outros produtos como roupas de algodão, vinho e até refrigerante cola.

Minha admiração pelo projeto foi mais uma vez confirmada hoje, ao participar do lançamento da Fairtrade Fortnight 2008 (Quinzena do Comércio Justo 2008), na região de Southbank, na margem sul do Tâmisa. Dezenas de barracas exibiam os produtos Fairtrade, desde frutas, chocolates, sucos, vinhos, chás, cafés, refrigerante de cola, castanhas, roupas de algodão, produtos de beleza e até arroz.


Um ônibus vai circular pelas principais cidades britânicas nos próximos dias para ampliar o conhecimento sobre a marca e incentivar o consumo de produtos que garantem bons negócios para os produtores. A lógica do projeto é que cada um pode fazer sua parte ao consumir os produtos fairtrade e o objetivo é conquistar resultados ainda maiores com uma participação mais forte da população.

Mas um dos momentos mais engraçados de hoje ficou por conta de atores vestidos de bananas, responsáveis por entreter os visitantes. A fantasia era genial e as esquetes foram super divertidas. Para se ter uma idéia da força das bananas fairtrade por aqui, 100% das bananas vendidas pelas grandes redes de supermercado no Reino Unido são certificadas com a marca fairtrade.









19/02/2008

Arquitetura e dinossauros

Arquitetura ou dinossauros: seja qual for sua preferência a visita ao Natural History Museum é um programa imperdível para quem está em Londres. Presente nos principais guias da cidade, o museu foi eleito no fim do ano passado uma das sete maravilhas da cidade e definitivamente merece o título.



A construção é suntuosa não apenas pelo tamanho, mas pelos detalhes. De arquitetura romanesca, o prédio foi concluído em 1881 pelo arquiteto Alfred Waterhouse, depois que se decidiu que as peças de história natural mereciam uma área exclusiva, fora do British Museum. As diferentes cores do tijolos e os detalhes de animais e pássaros merecem um olhar especial. Eles lembram até mesmo os gárgulas como os da Catedral de Notre Dame, em Paris.


O super dinossauro logo na entrada é o cartão de visitas do museu e é impossível resistir a uma foto ao lado dele. Dá para ter uma idéia efetiva do que seriam esses enormes animais há milhões de anos. Uma coleção especial que mistura ossadas com reproduções super reais dos bichos garante o passeio, principalmente das crianças inglesas que estão curtindo alguns dias de férias essa semana (half-term). Vale a pena enfrentar o museu cheio, seja de crianças ou de turistas, para descobrir um pouco mais sobre os míticos dinossauros.

Há muito mais para se descobrir no museu... Como a coleção dos mamíferos (com uma reprodução de uma gigantesca baleia azul) e a seção sobre a Terra, que desvenda mistérios como a força dos ventos e dos terremotos, por exemplo.

E o melhor de tudo: a visita é de graça. Como incentivo à cultura, a entrada nos museus do governo é gratuita desde 2001. Apenas as exibições especiais são cobradas. Programa imperdível.

18/02/2008

Nacionalização e o que mais vem por aí ...

Depois de anos ouvindo falar tanto de privatização - como a formula mágica para resolver os problemas financeiros de governos -, soa no mínimo estranha a nacionalização da instituição financeira Northern Rock, anunciada ontem pelo chanceler britânico Alistair Darling. Segundo ele, as duas propostas privadas recebidas pelo banco não ofereciam "valor suficiente para o dinheiro do contribuinte". Uma delas era do próprio conselho do Northern Rock e a outra de Richard Branson, megaempresario do Virgin Group, cuja empresa líder é a companhia aérea Virgin Atlantics.

A nacionalização é temporária, embora ninguém arrisque dizer por quanto tempo durará esse temporário. A aprovação certamente não será simples e conservadores já se manifestaram contra a opção encontrada depois de cinco meses que os ingleses correram para as agências para sacar o dinheiro do financiamento imobiliário que tinham guardado no Northern Rock.

O debate se esta é a melhor opção ou não para o futuro do banco e do dinheiro do contribuinte é muito mais complexo, mas não deixa de ser corajosa a decisão do governo britânico de sugerir uma proposta tão contra a unanimidade do liberalismo econômico da atualidade.

O assunto promete ocupar as primeiras páginas dos jornais daqui pelos próximos dias. Vamos ver o que mais vem por aí...

10/02/2008

Céu azul e sol no inverno londrino

Quem visita a cidade pela primeira vez por esses dias pode até duvidar da fama do fog e da chuva da capital inglesa. Londres está nos brindando com dias simplesmente lindos de sol e céu azul. A previsão meteorológica (uma mania forte por aqui) é de que pelo menos nos próximos três dias o sol continuará iluminando a cidade.

Ou seja, a ordem é aproveitar ao máximo esse inverno gostoso, de frio e sol, e é isso que moradores e turistas estão fazendo, ao encher parques, praças, cafés e a beira do Tâmisa. Há quem goste dos dias cinzentos, mas é impossível negar o poder do sol para dar energia e animar a vida.


06/02/2008

China in Londres

As lindas lanternas vermelhas que acabaram de ser acesas em plena Oxford Circus são o anúncio do início do ano novo chinês - o ano do rato - e do festival China in London, que será realizado até o dia 6 de abril. São dois meses comemorando o feriado mais importante na China e as relações entre Londres e a China e Pequim.

A programação está recheada de eventos legais, como uma festa no próximo domingo em Chinatown, dias especiais no British Museum e no Victoria and Albert Museum e exibição de uma série de filmes chineses, finalizando com a passagem da Tocha Olímpica no dia 6 de abril. Programa imperdível para quem estiver em Londres nas próximas semanas.

A principal razão para a celebração é a realização das Olimpíadas em agosto em Pequim, que daqui a quatro anos aportam por aqui. Londres está se preparando com muita vontade (e investimentos) para os Jogos de 2012 e o festival é mais uma forma de promover as Olímpiadas.

Mas a ligação entre a cidade e a China vai muito além disso.... Londres abriga uma das maiores Chinatowns do mundo (as fotos no fim do post), tem uma ampla comunidade chinesa e um povo muito interessado pelo país asiático, e isso antes do avanço econômico do início do milênio. Em um seminário sobre Posters na China em que estive presente aqui no ano passado, eu devia ser uma das poucas pessoas que não era fluente em chinês....

Até o primeiro-ministro Gordon Brown esteve em uma visita oficial à China há poucos dias e anunciou uma meta de aumento do intercâmbio comercial entre o Reino Unido e a China para US$ 60 bilhões até 2010, o que representa um aumento de 50% em relação ao volume de 2007.

Admito que sou um pouco suspeita pelo meu amplo interesse em China - que será inclusive tema da minha dissertação do mestrado -, mas é impossível negar a importância do país, pela sua história, cultura e a forma como tem mudado muita coisa no mundo nos dias de hoje.

Um feliz ano novo chinês para todos!





04/02/2008

Avanço pelo meio ambiente

Enquanto o Rio se esbalda no Carnaval - viva a folia, que está com chamada principal na homepage da BBC -, Londres inicia hoje a implantação da Low Emission Zone (LEZ), ou Zona de Baixa Emissão, criada pelo prefeito verde Ken Livingstone para melhorar a qualidade do ar na capital. Esta será a primeira no Reino Unido e a maior em extensão em todo o mundo.

A partir de hoje, caminhões que não respeitarem os níveis de emissão de carbono estabelecidos devem pagar 200 libras (cerca de R$ 700) para entrar na Grande Londres. As multas para quem não cumprir as novas regras podem chegar a 1.000 libras (cerca de R$ 3.500). Ônibus e outros veículos movidos a diesel serão incluídos na lista a partir de julho, mas automóveis ficarão de fora.

Diferentemente da chamada taxa de congestão – com valor de 8 libras (cerca de R$ 28) e cobrada dos veículos que circulam apenas no centro da cidade -, a LEZ inclui 33 regiões da Grande Londres, incluindo algumas rodovias de acesso à capital.

A polêmica é grande, como seria de se esperar considerando os custos para as empresas transportadoras. Ao mesmo tempo, tem se questionado se as 75 câmeras que vão fiscalizar a entrada dos caminhões na região proibida e multas de 1.000 libras serão suficientes para inibir a circulação desses veículos.

Independentemente da controvérsia e de ajustes que o projeto possa precisar, a verdade é que a LEZ é mais um avanço do Reino Unido pela causa verde. Ao lado da Alemanha, o Reino Unido tem sido pioneiro na busca de soluções para reduzir o impacto ambiental das ações humanas e agir para reduzir um problema mais do que urgente para a humanidade. Ponto para a LEZ, para Londres e para o Reino Unido.